Artistas e moradores de Ermelino Matarazzo reivindicam um espaço fixo para cultura

Moradores e artistas do bairro Ermelino Matarazzo, na Zona Leste da cidade de SP, reivindicam a construção de uma Casa  de Cultura na região. Eles alegam que não existe nenhum espaço fixo para a realização de manifestações culturais. Querem deixar de serem “ciganos” e ter uma casa própria para as atividades. Atualmente, só existe uma biblioteca pública na área.

De acordo com representantes do grupo, a reivindicação é antiga, de aproximadamente 20 anos. Mas foi intensificada há um ano com ações de dois movimentos: Cultura da ZL (Zona Leste) e Cultura na Praça.

“Atualmente, quando vamos fazer algum evento, utilizamos um espaço cedido por uma entidade ou por um comerciante local. Cada hora é em um lugar. Ermelino Matarazzo tem um movimento cultural intenso e precisa de um espaço”, afirmou o grafiteiro, poeta e educador social Vander Clementino Guedes, de 24 anos, mais conhecido no meio artístico como Chê.

Segundo ele, já houve algumas tratativas com o secretário municipal de Cultura, Carlos Augusto Machado Calil. “Há cerca de quatro meses, ele veio aqui no bairro e conversou com a gente. Ficou em vista um imóvel na Avenida Paranaguá, com aluguel de aproximadamente R$ 4 mil por mês. Ele se mostrou receptivo com o nosso pedido, mas não houve nada de concreto até agora”, comentou Chê.

Manifesto /O grupo planeja realizar seu segundo ato na região em prol da reivindicação. O manifesto será no próximo dia 20, ao meio-dia, em uma praça na Rua Professor Antônio de Castro Lopes, número 1.371. No primeiro, realizado em dezembro do ano passado, compareceram cerca de 200 pessoas. “Haverá várias performances culturais, como teatro, poesia e grafite, entre outros”, disse o poeta Emerson Alcalde, de 29 anos.

“Outros bairros já possuem um espaço cultural, queremos também um para nós”, disse Carla Soares, de 24, que faz trabalhos com fotografia e vídeo. A Secretaria Municipal de Cultura confirmou o encontro do secretário com o grupo e a pesquisa de imóveis da região. Disse que o imóvel na Avenida Paranaguá se mostrou adequado, mas não deu prazo para resolver a questão.





Bairro sofre com alta concentração de  favelas e baixa renda média
Além da carência de espaços culturais, Ermelino Matarazzo padece de outros problemas, como a alta concentração de favelas, por exemplo. O bairro possui aproximadamente 200 mil habitantes, sendo que 18,45% deles moram em favelas. O rendimento médio dos chefes de família é de R$ 815,91, bem abaixo da média da capital, de R$ 1.325.

“Precisamos de muitas melhorias para o bairro, não só uma Casa de Cultura, por exemplo. Não podemos esquecer que aqui existem poucas opções de lazer, de maneira geral”, afirmou o poeta Emerson Alcalde. Um dos pontos de lazer do bairro era a histórica fonte do Jardim Belém, que não existe mais. “Temos esperança de melhora”, contou o poeta.

Secretaria estadual diz que há 4 ‘fábricas’ na Zona Leste
A Secretaria Estadual de Cultura informou que tem investido em programas e equipamentos na periferia de São Paulo. Cita como exemplo a construção das Fábricas de Cultura, espaços voltados à formação cultural de jovens de 8 a 19 anos.  São 10 fábricas previstas até o final do ano, sendo quatro na Zona Leste: as de Vila Curuçá e Sapopemba já estão em funcionamento, a do Itaim Paulista deve ser inaugurada em breve e a outra, em Cidade Tiradentes, está em construção. A secretaria também disse que outra ação, o Projeto Guri, possui 14 polos na Zona Leste, sendo um no Jardim São Carlos, próximo de Encontra Ermelino Matarazzo.

Oficinas culturais oferecem 365 vagas até dezembro
As oficinas culturais, promovidas pelo estado, oferecem 365 vagas em Ermelino Matarazzo, de agosto a dezembro, divididas em 18 atividades nas áreas de artes plásticas, artes cênicas e dança, entre outras, ministradas em 12 entidades parceiras.

Fonte: Diário de S. Paulo





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